domingo, 23 de janeiro de 2011

Anime, mangá, pirataria e +



Olá!
Eu já emiti minha opinião sobre isso uma vez, tava caçando essa pergunta pra deixar registrado aqui.
Em primeiro lugar, fansubbers e scanlators NÃO prejudicam o mercado, salvo em pouquissimos casos, que citarei a seguir.
Em muitos países do hemisfério norte ( EUA, Europa e parte da Ásia ) o consumo de anime e mangá é grande, muito grande. Esses países possuem hábito de leitura inclusive de histórias em quadrinhos e claro que nesses casos, mangá entra nessas.
O maior consumidor de mangá fora do Japão são os EUA.
Olhem por exemplo esse site da editora Tokyo Pop, uma das grandonas de lá; eu ordenei os mangás por mais populares:
Notem ali do lado direito da página: Itens 1 -20 de 2905.
2905 edições diferentes.
Tem de tudo ali no meio!
Se não houvesse procura, nunca teria esse número de mangás.
Agora, ao ponto, a pirataria feita por scanlators e fansubbers dificilmente quebra esse mercado.
O caso mais grave que aconteceu nesse sentido foi com a One Manga, que fechou as portas faz algum tempinho por pressão das editoras japas. Mas notem que tirando esse caso, não teve outro. Outros sites de scan continuam de pé. Mas aí tem um pequeno segredo nas entrelinhas...
O fim da One Manga foi pra servir de exemplo pros outros. Eles poderiam ter acabado com todos os scanlators dos EUA ( e por tabela deixariam muito scanlator BR chupando o dedo, porque o que o povo pega de coisa dos EUA é como quem bebe água! ) mas não o fizeram porque os Scanlators são um aliados precioso para a indústria, desde que funcionem de forma moderada!
Lá fora, fansubbers e scanlators são "termômetros" que indicam qual anime ou mangá está sendo mais procurado, qual vale a pena investir. São aliados do mercado oficial.
Um caso que eu gosto de comentar, do poder dos Fansubbers em mercados desenvolvidos: teve um evento de anime nos EUA ( maiores e melhores que os que temos aqui ) e trouxeram nessa ocasião a Yuu Watase, autora de Fushigi Yuugi, na época, um anime muito procurado em fansubbers.
Nesse evento, teve entrevista com a Yuu, teve um monte de coisa. A surpresa foi quando um representante de uma distribuidora grande chegou e falou ao microfone que estavam anunciando oficialmente o lançamento de Fushigi Yuugi mangá e anime pro mercado oficial.
Porque fizeram isso? Porque o anime tava rodando em fansubbers a meses e tava agradando, o povo gostava. Então compensava licenciar. Aproveitaram trouxeram o mangá também e lançaram tudo junto, tudo oficial, num evento com a presença da autora.
Olha o nível de organização desses caras!
Mas tamos falando do mundo civilizado, onde as pessoas consomem quadrinhos e itens de indústria cultural, não essa borra de café chamada Brasil. Falemos dele agora!
Em meados de 1990, com a explosão dos Cavaleiros do Zodíaco na TV aberta ( 3 a 4 pontos de Ibope, em média. Cada ponto de Ibope = 300.000 televisores ligados naquele momento, naquele canal. ) as distribuidoras de video acharam que qualquer coisa com olho grande venderia tanto.
Se mandaram pros EUA pra comprar coisas.
Compraram muita coisa. Muita mesmo, séries de TV, OVAs, Hentais...foi muita coisa mesmo!
Só que aí teve o seguinte.
As distribuidoras daqui não pagaram tudo que deviam aos gringos. E quando viram, para seu desespero que os outros títulos não vendiam ou rendiam tanto quanto Cavaleiros do Zodíaco, aconteceu o colapso disso tudo.
A constar: A Flashstar Home Video, que trouxe meu Vizinho Totoro, Fatal Fury 1, 2 e o movie, cancelou o lançamento dos ovas de Macross Plus. A série Robô Gigante, que teve seu primeiro volume lançado aqui foi sumariamente cancelado.
A Mundial Filmes lançaria seus hentais comprados anos depois, em banca de jornal, mas a série, denominada Sex comix, só foi até o número 14. Não vendia o suficiente.
Todas as outras distribuidoras de video tiveram o mesmo destino e dali por diante não trabalhariam mais com anime.
E onde não tem distribuidora, prolifera o alternativo, ou seja, o Fansubber!
Na época, existiam 3 fansubbers grandes, que usando linhas de edição precárias, traduziam animes pro português: BaC ( Brasilian Anime Club ), foi o primeiro, Shin Seiki Anime e o notório Lum's Club, que era dirigido por César Takashi Ikko, atual dono do Animecon.
Mas foi do BaC que partiu o golpe que faria tudo desandar.
Antonius Kasenberg, um dos fundados do BaC deu calote em um monte de gente, pegou o dinheiro do Fansubber e sumiu, não sendo mais encontrado. Depois disso o BaC foi dissolvido, ficando apenas dois Fansubbers nacionais funcionando, o Lum's Club e o Shin Seiki.
César Ikko tinha sido prejudicado pelo fechamento do BaC e Sérgio Peixoto Silva, editor na época da Animax ( que retornaria com o nome de Anime Ex em outra editora ) e da Hanime, tentou ajudá-lo, publicando matérias sobre animes que estavam sendo legendados pelo Lums.
Assim se passaram alguns anos, até que o Anime Friends surgiu, um evento como o Animecon, mas o diferencial da presença de cantores internacionais fazendo shows.
Traiçoeiramente, colocaram o evento nos mesmos dias que o Animecon, fazendo com que o mesmo fosse esvaziado. 
Sacanagem pura é marca registrada de brasileiros! 
Recomposto, o Animecon ficou sob a direção de César Ikko, era isso ou o evento acabaria de vez.
 Finalmente, vamos considerar o hoje.
As editoras estão trazendo mangás. Não todos que gostaríamos, e tem muitos títulos completamente jogados no meio ( leitores de M.A.R, podem se apresentar! Leitores de Monster Hunter também! Ah, leitores de Cursinho de Sedução, por favor! ), as distribuidoras de video nunca mais se atreveram a mexer com anime, salvo um título ou outro. Os gringos, ressabidos pelo calote que levaram aumentaram o preço de tudo que foi anime quando negociam com brasileiros, limitando a compra ao máximo.
Seguro morreu de velho!
Os fansubbers viraram a salvação da lavoura, mas nenhum deles tem planos de se tornar uma distribuidora oficial. O que seria ótimo pro mercado, mas o caso é que...
"Ai, isso dá tanto trabalho!"
Preguiça brasileira é demais! Tá certo né? Melhor ficar no DVD piratinha do que fazer um trabalho correto.
O paradoxo disso é tamanho que eu vou num evento de anime qualquer e vejo lá: lançamento super-especial da Play Arte Home Video: DRAGON BALL!
Manos...Dragon Ball do Goku pequeno. Nem é o Z. Desenho velho da pemba!
É "Lançamento."
E quando eu vou no estande do pirateiro, ops, da loja do Soneca Anime Club acho as últimas novidades!
Onde será que eu vou gastar meu dinheiro?
Dúvida cruel, né?
Enfim, lá fora, distribuidoras de vídeo, editoras, eventos, fansubbers e scanlators funcionam como um relógio suíço. Tudo isso pra estimular o consumo do produto oficial.
Aqui no Brasil é cada um por si, ninguém tá nem aí por nada e também não querem fazer nada, porque dá trabalho!
Até quando gente?
Até quando???
É isso, até mais!
S2

2 comentários:

peixoto999 disse...

Olá. Sobre os anuncios do o Lum's Club que eu fazia na Anime Ex, e o Animecon em 2003, voce está totalmente equivocado. Se lhe interessar saber o que realmente aconteceu, me contate pelo e-mail peixoto999@gmail.com

Atenciosamente,

Sérgio Peixoto Silva

The Fool disse...

Boa noite, já enviei o mail.