segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Minhas Regras para comprar mangás, gibis, etc.

Fonte da imagem: http://atomixart.deviantart.com/

Um dia, a muito tempo atrás, o saudoso Zé Roberto comentou algo num podcast sobre troca, acho eu.
Troca no sentido de você comprar um gibizinho qualquer, mas se observar o que a editora faz em troca.
Lembro-me também que ele ficava muito bravo, pois a maioria das pessoas que compram mangás são as mesmas que não ligam para esse princípio de troca.
Veja bem, o problema não é, de maneira algum tu comprar o mangá A ou B ou C. Mas analisar, num contexto mais amplo, o que a editora em geral faz em prol da melhoria da situação das HQs no Brasil.
Infelizmente na atual conjuntura, ninguém quer arriscar ou quase ninguém.
Daí chegamos ao ponto que quero comentar: com base em minha observação, apenas 3 editoras me fazem sentir vontade de comprar seus lançamentos.

- HQM Editora

- New Pop Editora

- Crás Editora

Razões pra isso? Vejamos...

A HQM sempre foi um editora com um pé pra dentro da publicação de autores independentes. Nem tudo que ela tem em matéria de gibi nacional é bom. Um exemplo infeliz é o álbum Anarriê, que eu fiz uma crítica a muito tempo atrás aqui.
Só que a HQM tem um aspecto positivo enorme que é a linha de mangás.
Diga-se de passagem, como essa editora investe em quadrinho nacional!
Isso é algo tão enraizado na editora que da linha de mangás só tem um, eu disse,  um título estrangeiro. 
E bem, de 17 títulos publicados, 16 serem nacionais, acho algo formidável, sensacional.
Imagina se todas as outras editoras fizessem a mesma coisa.
Então, sim, de minha parte, vou comprar tudo que a editora lançar ou pelo menos a maioria deles pra dar uma força pra ela.
Porque ela investe em material nacional em contrapartida. Claro que tem rolos nisso, atrasos, as revistas não irem pra banca e ficarem só pra venda online.
Claro que eu gostaria que muitas coisas fossem diferentes, mas isso não depende só de mim.
( A menos que eu ganhasse na loteira sozinho uma soma considerável, o que não é o caso. )
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A Editora Newpop é um caso curioso. A mesma tentou se apresentar como uma terceira via às editoras Panini e JBC, que dominam o nicho dos mangás traduzidos no Brasil. Após altos e baixos, a editora tem lançado mais coisas e aparentemente, as tudo anda bem.
É digno de nota comentar que Junior Fonseca, num passado remoto era fanzineiro, autor do mangá "Dragon Ball Milênio" que claro, em algum momento, foi abandonado.
A favor da Newpop em matéria de mangá nacional temos o Estúdio Seasons, 3 desenhistas que fazem artes impecáveis e tem idéias diversificadas para mangás. Dois mangás do grupo já foram lançados pela editora: Helena e Zucker.
E tem mais coisa pra chegar por aí: livro teórico de como desenhar, Mitsar ( Mangá que serve de prólogo para 7 Dias em Alesh, um título antigo do grupo ) e o livro dos 50 avistamentos do Grande Fofinho.
Mesmo que não tenha tantos lançamentos nacionais quanto a HQM, a New Pop pegou bons artistas ( Seasons ) e enquanto elas estiverem com a New Pop, eu estarei acompanhando.
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A Editora Crás é velha de guerra. Conheci eles quando eu ainda tentava acompanhar quadrinhos independentes via Quarto Mundo. Comprava as edições em eventos e em relativo pouco tempo já tinha quase todas as publicações da editora.
Foi então que aconteceu algo que eu mesmo não esperava, uma das revistas me ganhou.
Sim, um mangá nacional me fez chorar. E isso virou lei pra mim.
Embora a Crás publique pouco, bem pouco, tudo que ela publica é material nacional, o que eu particularmente acho perigoso.
Aspectos positivos seriam o canal do You Tube, o Crás Conversa, que ajuda desenhistas novatos e tem dezenas de videos úteis, falando de várias coisas.
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Quando eu falei "troca" em me referia exatamente a isso.
No caso, as 3 editoras citadas publicam material nacional, isso é o básico, o fomento e ajuda a novos artistas é outra coisa que me agrada e muito.
Não basta só publicar material estrangeiro e esperar para serem amados pelos leitores. Uma editora que funciona dessa maneira não está acrescentando nada ao cenário nada.
Nada.
E falo isso com conhecimento de causa, porque toda vida a editora Abril publicou quadrinhos de super-heróis e investiu ZERO  em publicações nacionais novas.
Só que o tempo foi cruel com ela.
Então, pelo que eu prego, não posso ficar do lado de editoras que se comportam como a editora Abril se comportava.
Panini? Não. Nova Sampa?  Nem pensar. JBC? Se eles começarem a fazer algo além do BMA posso pensar no caso. Só o BMA? Haha, não.

Editoras são fomentadoras de cultura. Se a editora que tem o mangá que você quer ler nunca investe em nada do nosso solo, da nossa gente, ela é simplesmente uma máquina xerox.
Vê lá se nos EUA, Itália, Japão, eles tem essa mentalidade de só publicar quadrinho estrangeiro e dar um foda-se pra produção nacional!
Vê lá!

3 comentários:

Renato Souza disse...

Olá The Fool! Existe uma editora que apesar de publicar muito material de RPG, dá muito apoio ao mangá nacional, e eu recomendo muito também. A Editora Jambô, responsável por trazer Holy Avenger e Ledd em formato bem luxuoso, coisa que nunca eu vi acontecer com uma publicação nacional. Ótimo texto! Grande abraço!

The Fool disse...

Oi Renato!
No caso, eu só não incluo a Jambô nessa lista porque acho que já queimei dinheiro demais por eles.
E...poxa, li Holy Avenger e Ledd até o volume 2, não vai, as histórias não me ganharam.
Mas como Ledd tem versão online não tem problema algum, posso ir lá no site e ler e se acontecer da história me ganhar eu volto a comprar de boa.
Valeu pelo comentário!

Unknown disse...

Cara,a Draco hoje é uma editora que eu venho simpatizando muito. Ela tem sido firme também.
O caso das editoras maiores, tipo panini, JBC: cara, eles tem muito cagaço de publicar algo além das republicações. a JBC e a Panini não tem interesse algum em publicar algo nacional cara. A não ser que eles vejam como algo garantido (tipo mauricio de sousa ou fabio yabu) elas não publicaram nada que não seja algo já pronto para ser publicado. Aliás, são editoras entre aspas, pq a única edição que realizam é da adaptação do texto, não tem expertise alguma em trabalhar com artistas e porra alguma.
Particulamente, acho que elas são bem covardes, especialmente se você olha o cenário nacional como um todo, que temos várias empresas, muito menores que as duas citadas, e que tão publicando muitos autores, com materiais muito bons. Se empresas como a Balão, a Draco, a Jambô, Zarabatana, tem encarado o mercado com produto nacional, não vejo pq empresas de maior porte não poderiam fazer a mesma coisa. mas não vão fazer, pq não investem em nada que não tenha retorno imediato.
Poderiam fazer que nem a Dark Horse, que publica obras estrangeiras, especialmente japonesas, mas também tem suas publicações próprias, como o Hellboy, além de publicarem material que eles licenciam, como star wars, korra, Conan. Enfim, falta um pouco de ousadia pra esses caras.