segunda-feira, 8 de novembro de 2010

17° Fest Comix - Parte 3

Nem tudo são flores.
Sabem, eu fico meio ressabido de fazer postagens assim, me lembram de como eu era em tempos passados, meio troll, fazendo perguntas inconvenientes pra deixar pessoas sem resposta...
Enfim, vamos ao ponto.
Comentei na postagem anterior que no Domingo tirei o dia pra comprar gibis, muitos.
Foi no estando do Quarto Mundo que eu ouvi alguns comentários muito, mas muito infelizes, de desenhista que não é amador, que sabe o que está fazendo e sabe onde pisa quando o assunto é produção nacional.
Inquiri o senhor autor de Homem-grilo e Sideralman e um dos cabeças do Quarto Mundo, senhor Cadu Simões acerca da possibilidade de se fazer um evento só com quadrinhos nacionais, um Comiket BR, baseado na famosa feira de quadrinhos japonesa que acontece todos os anos e onde artistas de todas as gamas vendem seus fanzines, chamados de doujinshis por lá.
A resposta de Cadu foi "Não sei." Bem, pelo menos não foi um "Não" o que teria sido bem mais brochante.
Porque eu acho a idéia viável a essa altura do campeonato: temos muitos grupos de quadrinhos aqui e ali, espalhados, produzindo coisas, tem a Editora Crás, O Quarto Mundo, pessoal dos mangás como o Magyluzia...eu posso estar ignorando uma coisa ou outra, mas acho que se juntar todo esse pessoal dá pra alugar um lugar decente e fazer uma feira de quadrinhos e vender as coisas. Se marcar, dá até pra deixar o ingresso de graça ou por um preço muito baixo.
Problema é juntar esse pessoal...
Outro "problema" que eu vi no Quarto Mundo é que por incrível que pareça, embora o Quarto Mundo tenha uma boa quantidade de títulos é que as publicações em estilo mangá beiram o inexistente.
Cadu me disse que os autores tem liberdade de escolher como preferem fazer seu trabalho, ok, acho justo.
O ponto é que estamos passando por uma época com uma demanda grande, não grande não, ENORME de mangá. As pessoas estão procurando mangá, estão lendo mangá, seja por scan ou comprando na banca, existe uma procura.
E o Quarto Mundo está na contramão praticamente.
A impressão que eu tenho é que o Quarto Mundo optou por permanecer apartado, alheio ao que se passa no mundo ao seu redor.
E na minha humilde opinião, não é assim que a gente vai chegar em mais leitores.
Maurício de Souza não fez uma versão mangá da Turma da Mônica por acaso.
Um outro problema, não existe uma revista com histórias seriadas e com periodicidade razoável, existem títulos só com histórias curtas e perdão pelo comentário, isso não segura leitores.
Como eu vou me identificar com algum personagem se as histórias mudam o tempo todo? Ou demoram de 6 meses a 1 ano para ler uma continuação? Estou lendo Nanquim Descartável do Eduardo Esteves, achei legal a história, mas o foda é esperar tanto tempo pŕa ler a continuação. Em tempo: a revista tá no número 3, e isso faz ANOS!
Tem que ter um ponto de equilibrio aí, assim não dá!
Mas bem, enquanto eu comprava algumas publicações, conversei com um artista, esqueci o nome dele e o que falávamos, mas eu sei que em dado momento do papo ele soltou um comentário acerca de publicações, acho eu...
"Eu estou sossegado."
Eu não falei nada, mas fiquei aborrecido com o comentário. Sossegado como com tanto a fazer, meu Deus? E como ficam nós, os leitores? Se os artistas não se empenharem em chegar em nós vamos ficar consumindo mangá e comics e dane-se o mercado nacional, é isso?
Eu acho que isso é uma posição muito acomodada, pior, acomodação de gente que sabe que as coisas não são facéis, que o mercado é foda e estamos com um abismo de distância entre os artistas e os leitores!
Sossego onde, meu Deus?
Enfim, foram essas coisas que me aborreceram, sei lá se alguém do Quarto mundo vai ler isso aqui, mas eu deixo os comentários abertos pra isso.
Estive pensando de parar de comprar coisas do Quarto Mundo, até porque não tem mais tanta coisa pra eu comprar deles, eu não curto Homem-grilo e Sideralman, uma história que eu achei legal, "Depois da Meia-noite" está fechada em 3 números, não tem mais. Tem a HQ da "Valquiria", que eu li no almanaque "Tempestade Cerebral", mas tirando ela, os outros quadrinhos apresentados não me chamaram tanto a atenção ou mesmo me agradaram.
Enfim, as opções de leitura estão rareando e o ritmo de produção do Quarto Mundo é lento. Se eu continuar indo em evento e comprando gibi deles, logo, logo eles vão se esgotar e daí é um abraço.
Mas será que eu devo ainda comprar alguma coisa de gente que aparentemente não quer nada com nada?
Ah, questões!

2 comentários:

Quiof disse...

O fanzineiro nacional acha que se vender nos eventos e sites independentes basta, o que aconteceria se o pessoal do underground comix, a CLAMP etc.. pensasse nisso.

fora os guetos, grupo que faz mangá, que faz comics, que faz faroeste etc...

P.S: cadastra os zines que você tem no Guia dos Quadrinhos, se Velta e Blenq estão lá, outros zines merecem:
http://www.guiadosquadrinhos.com/

Valdoir disse...

Os eventos deveriam ser encarados como um "balão de ensaio' pro carinha ver se o público que o acompanha pelo site da publicação dizer pra ele se gostou ou não da obra e tbm pra ajudar nas vendas.
Não deve ser encarado como o 'sucesso de vendas' como a maioria pensa.
E pior, ele não tem um planejamento de carreira pros personagens dele, adaptando conforme o gosto da maioria.
Vc Fabiano eu o Quiof somos uma minoria privilegiada que manja dos titulos e tem um gosto mais apurado da obra.
Ja o povão orfão das bancas e ligados nas modas fica refém de Luluzinha e Mônica Mangá.
Pois os que ficam abaixo dos grandes aí preferem o ostracismo do underground com personagens limitados que meia dúzia de fã finge gostar.
Tem jeito, mas o cara acreditar no trabalho e suar a camisa, depois colherá os louros do bafafá